Pés calçados e descalços no mesmo chão |
Sabemos que o Esporte pode ser utilizado como um elemento formador do caráter, da personalidade, enfim, do cidadão ou cidadã no geral. O Esporte consiste naquele "algo" mágico capaz de nos arrebatar momentaneamente do nosso eu, nos elevando a dimensões inimagináveis. O esporte vicia, seu efeito é semelhante ao êxtasi, porém, totalmente ao contrário desta última, é uma droga saudável, talvez a única, pelo menos que eu conheça. Tivemos a oportunidade de reafirmar tais conceitos ontem (09/09) quando acompanhamos e colaboramos na arbitragem das finais dos Jogos Interclasses da Escola Municipal João Bernardino de Lima 2011. Impressionava a forma como os meninos e meninas envolvidos na disputa se doavam, se empenhavam... Como a torcida, mesmo composta, na sua maioria por crianças, vibrava pulava... Os professores, que comemoravam cada gol realizado pelos seus pequeninos que, muitas vezes nem atendiam a sinalização sonora do apito do árbitro, não querendo parar de jogar. Era divertido e emocionante para quem, como eu, é apaixonado pelo esporte, sobretudo na base.
Porém, também não pude deixar de observar alguns aspectos preocupantes do evento:
A torcida, mesmo de crianças, que apoiava a equipe pela qual torcia, também vaiava os gols do outro time, que, praticamente, não possuía adeptos. Isto me comovia por deveras, uma vez que os meninos, mesmo marcando gols, mas, pelo fato de não agradar a platéia, não expressavam semblante de contentamento esperado em seus rostos. Assim, sozinhos, sem apoio, vaiados por marcarem gols, nem eles conseguiam vibrar quando logravam êxitos nas tentativas de converterem tentos. E depois, quando o jogo foi encerrado, que o "time da massa" saiu vitorioso, fiquei observando os demais pequeninos, que ficaram descontentes, desnorteados, desapontados com o resultado. Todas as honras foram para a equipe campeã! Esperei que algum professor, funcionário, algum educador fosse parabenizar-lhes pelo bom jogo, pela luta, pelo empenho demonstrado durante a partida. Mas, a professora que aproximou-se deles, foi para recolher os coletes que utilizavam como uniforme. Nenhum: parabéns, o jogo foi bom! Nenhum: valeu o esforço! Nenhum: o jogo foi bom, é assim mesmo, outro dia ganharemos! Então, como percebi que não haveria este consolo tão necessário para o processo de formação daqueles pequeninos, tomei a iniciativa e o fiz me aproximando de alguns, parabenizando-lhes, elogiando-lhes, conformando-lhes naquele momento que, para crianças nesta faixa etária, tem um significado enorme. Era o mínimo que poderia fazer.
Contudo, acredito que o motivo deste fato seja a ausência de uma figura importantíssima, para não dizer indispensável em momentos como este - O Educador Físico. Este profissional sim, saberia como agir neste momento, pois tem respaldo e conhecimento do papel que o esporte exerce no indivíduo, desde a primeira infância ao nível profissional, ele teria feito toda a diferença na ocasião. Eu, como mero expectador e blogueiro esportivo, assumi tal responsabilidade. Dada a minha formação profissional, vi que jamais, sob circunstância alguma, poderia simplesmente ignorar, e afastar-me. Creio que cumpri meu papel, meu dever de Educador Físico.
Portanto, é preciso que os educadores tenham o máximo de cuidado sobre como lidar com o esporte na infância e, se for no âmbito educacional então... Deve-se ter a preocupação de utiliza-lo como elemento formador do caráter, do companheirismo, do espírito de equipe, da socialização, etc. Pois, infelizmente, o que acompanhamos com tristeza, mesmo em meio escolar, é uma tentativa de profissionalização precoce da garotada ou, simplesmente, uma esportivização da recreação.
Colegas Profissionais de Educação Física - Atentai-vos! Não deixemos que corrompam nossas crianças!
Jandeilmo Cleidson
Educador Físico
IMAGENS:
2º Ano - Ens. Fundamental |
5º Ano Vespertino |
5º Ano Matutino |
Árbitros: Elianto-PETTI e Cleidson-Educador Físico |
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