terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

ELE BATEU UM BOLÃO!

UM TEXTO DE SHEILA LIZ

Domingo para ela era sinônimo de futebol! Sim, para ela! Flamenguista (nem sabe bem o motivo), adorava assistir aos jogos pela tv. Infelizmente nessa cidade tão quente pouco se tinha campeonatos brasileiros nos campos pouco verdes de onde morava. Fora apenas uma vez ao estádio, mas não perdia a emoção quando acompanhava somente pela televisão mesmo.

Isso não mudou quando o conheceu. Pelo contrário, só aumentou a frequência dos jogos. Ele já fora jogador, amador. Só profissional quando contratado por um pequeno time do interior de Goiás. Na verdade isso pouco importava, a paixão de ambos pelo esporte era notável.

Assim, aos domingos o programa era algum ‘amador’. Ela acompanhava, sempre! Saíam de casa bem cedo, passavam na farmácia (compravam todo o tipo de acessório) e desciam direto ao estádio. Às vezes a arquibancada era totalmente imprópria. Sem assentos adequados, quente, cheia de buracos, a visão do campo era atrapalhada por um poste inconveniente… Ou mesmo o calor ficava insuportável; difícil um estádio ser coberto na cidade mais quente do país. Sem água e nem o famoso cachorro-quente vendido nos campos… Nada disso! As pessoas sempre perguntavam qual a graça em ir com ele… “Ah, ele joga! Isso basta.”

Tinha jogo que ela lutava com formigas para sentar em uma beiradinha do mato, ou ficava no carro mesmo tentando enxergar de binóculo os lances do jogo. Ainda assim era o melhor dos programas.

Quando ele entrava em campo… Ah! Era emocionante, mesmo que a concentração o impedia de ao menos notá-la ali. Isso a chateava silenciosamente. E foi assim por meses… Ela o acompanhava e ele só percebia sua presença quando iam embora.

Uma noite (ainda bem que era noite – sem o calor, principalmente), o jogo foi marcado para um lugar mais reservado. Ele, dessa vez, pensara no bem-estar dela. Tudo estava bom! Os bancos, clima, a lanchonete era acessível, a vista do campo era perfeita! Ele fez até um gol! Pena que naquela noite o time perdeu… Mas aquele jogo foi inesquecível… Não somente pelo cuidado dele; naquela noite ele a notara na arquibancada, assim que marcou o gol apontou em sua direção! Ah, agora sim…

São os detalhes de uma relação que fazem os grandes esforços se justificarem completamente…

Publicado no JBF.

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